terça-feira, 24 de janeiro de 2012

EU E A TEMPESTADE!



Eu e a tempestade!

A tempestade irrompe sem trégua,
Silêncio quebrado pelo trovão...
Escuridão mesclando-se á relâmpagos...
Imobilidade e movimento!
O que sou eu diante da tempestade?
Quem sou eu?
Bastavam umas palavras meigas,
Uma caricia suave,
Um beijo molhado, no lóbulo da orelha...
Olhares trocados!
Mas não...
Vieste como se nem tivesse vindo,
Olhando-me com olhos vagos...
Apenas para implodir meu coração,
Sob a fúria duma inesperada tempestade...
Prenúncio da solidão!

Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
24/01/2012

O HOMEM BÁSICO.

O homem básico.

Numa das muitas discussões familiares, num tom mais de conversa do que de briga, minha esposa disse-me: - Gostaria que você fosse um homem básico!
Tentei entender-lhe o sentido da frase, questionando o que seria um homem básico...
Seus argumentos foram os de que eu aos 50 anos enveredo-me por novos caminhos, procurando por novas oportunidades na vida, ora trabalhando, ora estudando, e pouco fico em casa ao seu lado... Assim, penso eu, um homem básico seria aquele que se assenta, aquieta-se, e vai curtindo mais a vida ao lado da esposa...
Sei, sinto, que um relacionamento a dois é complicado, onde tenta-se equilibrar vontades por vezes conflitantes, expectativas de vida diferentes... E onde um consenso é por vários motivos uma benção, uma dádiva!
Vim de um tempo onde o homem era o provedor da casa, e por desempenhar tal papel não raro se privava de um contato mais próximo aos seus, que não significava falta de amor e carinho, mas comprometimento, responsabilidade... Sei também que os tempos mudaram...
Mas sinto que esta mudança não foi em nada favorável ao homem... Existe uma grave crise de identidade, onde os papéis femininos se realçam e os masculinos parecem que esmaecem... E os dois ora se confundem, ora se descaracterizam!
Por outro lado, na sociedade em que vivemos ninguém pode se acomodar, achando que o que sabe é suficiente... E que suas competências nunca serão questionadas... E aqui encontramos um ponto que deveria ser bem observado; a inter-relação entre o social e o privado se confundem, o trato familiar e expectativas profissionais se conflitam...
Não ser um homem básico em meu pensar, afasta-me da mesmice de vidas contemporâneas, de homens por vezes fadados a comodismos, vendo a vida passar, escorrendo entre seus dedos, sem fazerem alguma diferença... Diferença esta, que nem seja para outros verem, mas mais importante, seja intimamente sentida, que traga felicidade e prazer, por mais que sejam; a felicidade e o prazer, efemérides...
Num outro modo de ver, não ser um homem básico, possibilitou-me a realização de sonhos que nem mesmo em minha mais tenra idade ousará imaginar...
Reinventei-me várias vezes!
Como uma Fênix surgida de suas próprias cinzas...
E isso foi bom!
E isso sempre será bom, até o momento em que os ventos da vida não soprarem as minhas cinzas para o outro lado de lá... E assim, não possam se reagrupar aqui neste hemisfério conhecido da existência!
Mas afora estas considerações que faço, imputo-me ainda características bem básicas, talvez mal percebidas pela minha companheira de vida e de estrada; somos casados, um homem e uma mulher em comunhão, conseguimos ter nossos cinco filhos homens, trabalhando, cuidando com suas próprias forças de suas vidas, alguns com esposas, e filhos... Temos um teto, comida na mesa, e algumas vezes saímos de casa, eu e ela, para um passeio... Tirando alguma conotação de conservadorismo em meu pensar, embora conservar o que é bom não traga nenhum mal, não sou um homem básico?
Para a paixão o estar perto é fundamental...
Mas de que adianta um estar que no intimo se ausenta, se aliena, não se valoriza, não busca para si uma realização maior, que de alguma forma traga bem estar para outros, e que implique em melhor valorizar quem esta ao seu lado, numa mesma estrada, num, quase, mesmo destino?
Para o amor, significar presença, em vários aspectos, é amar!

Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
24/01/2012